ATB - Aliança Transformers Brasil

O Filamento Primordial

Autora: ROSANA RABADJI ("ROSANAZUL")


Dedicatória: Para Jackeline, que me inspirou “a dar um salto” nessa história, David Bowie e Coldplay, meus ídolos e fontes de inspiração, e a todos da ATB.


Parte 2

Já não tínhamos certeza se os jipes poderiam nos levar tão longe dessas criaturas, mas continuamos a nos afastar. Começamos a ouvir finos e rápidos disparos e ver feixes de luz cruzando o ar. Estavam atirando entre si com lasers!

O treinador, que possuía em sua mochila vários equipamentos, pegou um comunicador de longa distância e começou a procurar uma freqüência de emergência, enquanto tentava manter o equilíbrio. Eu vi ao longe mais três alunos com celulares. Jackeline ao meu lado disse:

— É, vou pegar o meu também e tentar ligar! Porém, o tal robô chamado Soundwave virou seu dorso e voltou sua atenção para nós. Seu visor vermelho pareceu ainda mais intenso, com ódio. E então ele bradou:

—[ Espécimes inúteis. Nenhuma comunicação será tolerada! Decepticons, extermine-os!

De dentro de seu corpo similar ao um toca-fitas, saíram dois outros robôs menores. Um era um pássaro e o outro um grande felino. Ambos atacaram quem estava usando os celulares. Rapidamente Jackeline desligou o seu e o escondeu:

— Acho melhor não! Meu, vamos sair daqui!

Foi terrível! Assistimos um aluno ser levado a uma grande altura, no bico da ave mecânica e então ser solto numa queda fatal. E os dois outros alunos foram pegos pelo felino e simplesmente estraçalhados, com seus corpos chacoalhados no ar.

—[ Laserbeak, pegue o líder deles e traga aqui! – ordenou o tal Soundwave.

Então a ave deu uma rasante e pegou o treinador, jogando-o aos pés do robô. Soundwave olhou para ele, provavelmente com desprezo. Então levantou sua perna e o esmagou!

Com gritos intensos e pavor descontrolado, todos correram para qualquer direção. Eu e Jackeline descemos uma área declinada. Galhos, folhagens e pedras machucaram nossos braços e pernas, mas descíamos sem olhar para trás.

Mais um grande terremoto se sucedeu ( outro ataque do tal Rumble ) e então uma grande área de terra deslizou em nossa direção.

— JACKELINE, CUIDADO! – gritei, saltando para um lado.

Após alguns segundos, o deslizamento parou. Por sorte não nos atingiu, mas ficamos separadas por um paredão de terra e pedregulhos. Do outro lado ouvi a voz dela:

— Rosieth, eu estou bem. E você?

— Estou... Estou bem! – respondi ainda atônita.

— Vai andando mais a frente que depois nós contornamos este paredão. Olha, tem um pequeno morro não muito longe daqui. Vamos tentar nos encontrar lá OK?

—OK! – respondi, me levantando e sacudindo a terra da minha roupa – Tome cuidado!

O campo logo perdeu espaço para uma floresta fechada. Alguns raios de sol furavam o topo denso das árvores, criando uma iluminação irregular. O silêncio ensurdecedor, a umidade e o corpo dolorido me fizeram repensar no que havia dito antes para Jackeline:

“ Eu estava errada! ” – pensei comigo – “ Esses robôs vieram só para nos matar! Sempre sonhei que se algum dia tivéssemos contato com outra forma de vida inteligente, poderíamos trocar informações sobre nossas culturas, tecnologia... sei lá, criar um relacionamento construtivo e pacífico. Mas isso é só uma estúpida ilusão. Então, esse é o nosso futuro? Vamos ser extintos por algo mais evoluído? Como a humanidade faz entre si, quando descarta aqueles que julga inferiores, sem lhes dar uma única chance? Ou ainda quando usamos nossa inteligência para subjugar e matar outras espécies de animais, por prazer ou para fins abusivamente lucrativos?”

Desanimada, parei para descansar, sentando num extenso tapete feito de folhas amareladas. Minutos depois ouvi guinchos estridentes de animais silvestres. Meu coração disparou e eu me levantei. Ao longe vi alguns animais em fuga, revelando o felino mecânico não muito longe de mim! Corri desesperada, até que encontrei uma caverna. Era uma fenda estreita, longa e escura, mas ao olhar para trás e ver o felino se aproximando com fúria, entrei rápido.

Lá dentro, abri minha mochila e tirei uma lanterna para iluminar o caminho. Avancei para o fundo, enquanto o robô-felino enfiava sua pata para tentar me pegar ou arrancar pedaços da entrada da caverna.

O caminho estreito e sufocante foi depois se alargando até criar galerias imensas, com alguns lagos rasos e subterrâneos. Ouvi então o som de uma explosão e um desmoronamento. O felino deve ter fechado a entrada da caverna.

“ Droga, estou presa! Agora tenho que encontrar outra saída, se é que existe uma.” – pensei aflita - “Ah meu Deus, por favor, tem que existir uma!”

Continuei andando naquele mundo perdido, contornando suas pilastras irregulares e passando por debaixo de bifurcações. Até que virei uma parede... e trombei de frente com o rosto de um robô!

Assustada, desci quase caindo por um lance de pedras e corri para trás de outra parede. Na defensiva, observei-o.

Era o primeiro robô que falou no acampamento. Estava caído, sentado e seus olhos azuis agora estavam fixados em mim. Ele parecia estar sangrando. No entanto o líquido que vertia das rachaduras no seu corpo era brilhante e consistente. Sua cor e forma se assemelhavam com a de um impecável carro policial. E uma peça vermelha dupla, anexada na parte frontal de sua cabeça estava agora com um lado quebrado.

Então ele se mexeu um pouco, levantando o braço e apontando-o para mim. Tanto o braço quanto a cabeça tremiam muito e embora os dois faróis dianteiros iluminassem bem o ambiente, funcionavam inconstantes. Com pouca firmeza ele apontou para mim e depois para o seu próprio pescoço. Observei que em seu pescoço, numa área que seria equivalente a jugular humana, havia um filamento maleável rompido.

“Será que é o que estou pensando? – me questionei incrédula – “ Ele quer que eu o ajude? ”

Realmente ele estava pedindo por socorro, a sua maneira. Botei a mão na cabeça e pensei:

“O que vou fazer? Se eu o ajudar, ele pode tentar me matar. Se não, também estarei fadada a morrer nessa caverna escura ou ainda pior: posso ser caçada de novo por aquele felino mecânico. E agora?”


(continua)
[ parte 3 ]